Lapsos de Memória no Climatério: Entenda Por Que Acontecem e Como Afetam a Autoestima Feminina
Entrar na menopausa é uma experiência que traz muitos desafios, e um deles que tem me chamado a atenção ultimamente são os lapsos de memória. Se você, assim como eu, já se pegou esquecendo onde colocou as chaves ou teve dificuldades em lembrar nomes que sempre foram familiares, saiba que não está sozinha. Isso é mais comum do que imaginamos e faz parte dessa fase de transição que vivemos.
Posso falar que é um dos sintomas que mais me incomodam, pois tive que mudar totalmente minha maneira de lidar com os ocorridos do dia a dia. Imagine, eu era o tipo de médica que tinha uma memória de elefante, literalmente. Eu sabia até a roupa que minha paciente estava vestindo na minha última consulta. Desde o início do climatério, percebo claramente como o lapso de memória é algo que atrapalha, e muito, meu dia a dia. Cheguei a ir ao neurologista e ele pediu uma ressonância de crânio para investigar melhor o que estava acontecendo comigo, pois tenho histórico de Alzheimer na família. Enfim, graças a Deus não era nada relaiconado à demência, mas é um sintoma preocupante, claro. Bom, no meu caso e também o que eu aconselho para minhas pacientes, é entender que estamos em uma nova fase e precisamos nos adaptar e fazer diferente. Sim, precisamos entender que agora o processo de armazenamento da memória é outro. O que eu faço é usar aplicativos onde eu posso colocar minhas tarefas que preciso realizar e assim nào me incomodar com o fato “o que era mesmo que eu tinha que fazer?”(nossa, essa frase estava rotineira na minha vida). Delegar essas pequenas tarefas me ajuda muito e assim eu não me prejudico e nem deixo nada importante para depois. Meu novo hábito, além de anotar tudo, é chegar minha check list pelo menos umas 3 a 4 vezes ao dia.
A verdade é que, com as mudanças hormonais do climatério, nosso cérebro também passa por transformações. Eu mesma comecei a perceber que, além das ondas de calor (e de frio) e alterações de humor, minha memória parecia não ser mais a mesma. E foi aí que decidi entender melhor o que estava acontecendo. Não adianta você desesperar ou ficar com raiva dessa nova fase, isso não te agregará em nada. Agora é frase chave é “ADAPTAR-SE E FAZER O SEU MELHOR”. Outra forma interessante de ir treinando a memória é estimular o cérebro com novos caminhos de aprendizagem, como aprender novas habilidade, idiomas, cursos e até joguinhos interativos. Dessa forma seu cérebro vai criar mais conexões neuronais e isso vai fortaleceu seu processo de memorização.
Os hormônios, especialmente o estrogênio (bentido estrogênio!), desempenham um papel crucial na nossa função cognitiva. Quando seus níveis começam a diminuir, o impacto não fica restrito apenas ao nosso corpo, mas se reflete também na mente. Isso explica por que, às vezes, temos dificuldade em nos concentrar ou em processar informações rapidamente. Muitas mulheres chegam ao meu consultório achando que têm TDAH ou Alzheimer precoce. Não, não se trata disso e sim de alterações homonais. “Ah, mas será que sempre ficarei assim?”. Não, falo por mim, pois depois que mudei minha forma de armazenar as informações e também dos novos estímulos cerebrais, isso me ajudou muito, mas muito mesmo. Por exemplo, escrever aqui no blog para você já é um exercício que me propus como um novo hábito e estímulo para meu cérebro. Eu tinha parado de escrever (de criar) e espero que, além de te ajudar, eu também possa me beneficiar com a escrita e esse criativo (pois tenho que elaborar os temas e escrevê-los aqui).
O mais interessante é que esses lapsos de memória não significam que algo mais grave está acontecendo (Aleluia!). É uma resposta natural do nosso organismo a essa nova fase da vida. No entanto, eu sei como isso pode mexer com a nossa autoestima e também nos gerar muita insegurança, principalmente quando temos responsabilidades com terceiros. Quando esquecemos coisas básicas ou temos aquela sensação de que estamos “perdendo a cabeça”, é difícil não se sentir frustrada. Olhar-se como alguém que “já não é mai capaz” é fomentar uma crença de impotência. Agora o momente exige que você se olhe de outra forma e perceba que é sim capaz de se reinventar e criar uma nova versão (mais aprimorada) de si mesma. Veja, nào estou romantizando essa fase de nossas vidas, estou sendo realista, pois eu mesma estou me reinventando. Então, cara leitora, se eu posso, você também pode. Acredite!
Por isso, tenho buscado estratégias que ajudam a lidar com esses sintomas. O que tem funcionado para mim é praticar exercícios físicos regularmente, cuidar da alimentação e, acima de tudo, tentar não me cobrar tanto. Fzer os estímulos cerebrais que citei acima e seguir em frente. Meu lema é esse, seguir sempre buscando minha melhor versão, independente da minha idade. A prática de mindfulness e técnicas de relaxamento também têm sido grandes aliadas para manter a mente mais focada e tranquila.
Acredito que conversar sobre isso, compartilhar experiências e buscar conhecimento nos fortalece. A menopausa não é o fim da nossa vitalidade mental. É apenas uma fase que exige um pouco mais de cuidado e paciência com nós mesmas. Se você está passando por isso, lembre-se de que seu valor e suas capacidades não se medem pela sua memória. Estamos juntas nessa jornada.
Lembrando que se você estiver com muita dificuldade de superar essa fase, busque ajuda. Talvez você precise de um acompanhamento psicológico, ginecológico e/ou psiquiátrico.
Com carinho,
Mariza Matheus
Médica Psiquiatra e mulher quase menopausada 🙂
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